sábado, 21 de abril de 2012

"DIA DO ÍNDIO"


O “Dia do Indio” – 19 de abril –  foi criado em 1943 pelo então presidente Getúlio Vargas através do decreto lei número 5.540.
Infelizmente, a data que deveria ser lembrada para festejar a população indígena, que tanto contribui para a cultura brasileira, hoje precisa ser aproveitada para refletir sobre a preservação dos povos indígenas, da manutenção de terras e respeito às manifestações culturais.
Segundo o Censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) o número de brasileiros que se dizem índios cresce 11,4%. Entre 2000 e 2010, um período de 10 anos, mais de 84 mil pessoas se autodeclararam indígenas.  Os índios podem ser encontrados em 80,5% dos municípios brasileiros.
A pesquisa  mostrou que mais de 817 mil pessoas se autodeclaram indígenas no Brasil. Isso indica o crescimento de 11,4% da população. Na pesquisa feita em 2000, 63,5% dos municípios brasileiros tinham índios e hoje, já estão em 80,5% dos municípios.
O estudo do IBGE mostra a grande diversidade indígena pois, pela primeira vez, investigou cor ou raça, etnia, língua falada no domicílio e a localização geográfica dessa população.
Considerei muito interessante e muito importante para nossa reflexão dados que informam que houve uma redução de 68 mil pessoas no número de indígenas na área urbana, indicando que  esses índios, por não ter afinidade com seu povo de origem, estariam deixando de se classificar como indígenas ou preferindo viver nas zonas rurais. A área rural, ao contrário, mostrou crescimento de 3,7% ao ano.
Considero importantes os dados do IBGE, sobretudo porque grande parte dos brasileiros ignora ou discrimina esse grupo que faz parte da nossa população e é porção importante da nossa identidade. No entanto, esse segmento de nossa população tem sofrido cada vez mais pelas  péssimas condições em que vivem:  problemas e dificuldades em acessar serviços básicos de saúde, diversas dificuldades que enfrentam na Educação Escolar Indígena, como a questão da educação específica e diferenciada, as péssimas condições em que se encontram as estradas em suas aldeias, às vezes tornando impossível para as crianças indígenas o trajeto para a escola, o que prejudica muito o calendário escolar, precarizando ainda mais  a educação dessas crianças.
E temos ainda a grande questão da demarcação de terras indígenas, que pode-se dizer o maior problema que sofrem. Leiam e sintam as palavras abaixo:

“O verde da bandeira que os brasileiros carregavam representava a mata que a civilização nos tirou; vivemos nas terras do governo, como párias, esmagados. O amarelo, que representava a riqueza do Brasil, a pesca e a caça, hoje estão ausentes de nossa terra; tiraram-nos tudo em nome da civilização. O branco, que simbolizava a paz tão desejada, hoje está ausente do homem. E, finalmente, o azul, que representava o céu, na sua beleza florida – estrelas e astros a brilhar -, foi a única coisa que a civilização deixou ao índio, e isso porque ela não pôde conquistar ainda...”                                                  
                                            Marçal de Souza Tupã-i (1920- 1983)Guarani Kaiowá – MS

Para complementar, para quem tiver o desejo de conhecer um pouco mais sobre os índios, sugerimos três  filmes com temática indígena:
Xingu

Que conta a história dos irmãos Villas Bôas – Orlando, Cláudio e Leonardo – que deixaram o conforto da vida na cidade grande e mergulharam de cabeça no programa de expansão Roncador-Xingu, uma missão desbravadora pelo Brasil central.
A história, registrada no diário batizado de “Marcha para o Oeste”, começa com a travessia do Rio das Mortes, quando logo os irmãos se tornam chefes da expedição e se envolvem na luta pela defesa dos índios. Os irmãos, que tinham enorme poder de persuasão, se afinizaram com os habitantes da floresta e se tornaram grande referência nas relações com os povos indígenas. A missão se transformou em fantástica aventura, onde vivenciaram incríveis experiências. A maior delas foi a conquista da criação do Parque Nacional do Xingu.
O filme Xingu estreou nos cinemas no dia 6 de abril e representando os irmãos Villas Boas, temos: Orlando Villas Bôas (Felipe Camargo), Cláudio Villas Bôas (João Miguel) e Leonardo Villas Bôas (Caio Blat).

Eu escutaria as piores notícias dos seus lindos lábios

Uma parceria entre o cineasta Beto Brant e o escritor Marçal Aquino, esse  filme, embora não tenha o índio como tema central, foca a questão do desmatamento ilegal na Amazônia. Aborda uma denúncia ambiental (a exploração ilegal da madeira)e da luta das populações locais pelo resguardo da floresta, como pano de fundo para a história de um triângulo amoroso.
O filme conta a história de Cauby, um fotógrafo de 40 anos,  vivido pelo ator Zécarlos Machado homem que acredita ser possível consertar as contradições humanas. Cauby, em passagem pela Amazônia, apaixona-se por Lavínia, mulher do pastor Ernani, personagem vivida pela atriz Camila Pitanga. Estreia nos cinemas em 20 de abril

Indígenas Digitais

O documentário, que estreou em 2010, retrata a apropriação das diversas tecnologias pelas etnias indígenas, com o objetivo de mostrar ao mundo a realidade dessas populações, geralmente à margem da sociedade. O filme também tem o objetivo de quebrar a ideia reforçada pela TV de que os índios vivem isolados de tudo nas aldeias.
O curta-metragem de 26 minutos foi gravado em áreas dos Pontos de Cultura Indígenas na Bahia e Pernambuco e mostra a importância da relação que os índios possuem com as inovações tecnológicas.
Ao todo, sete etnias indígenas distintas participam do curta. São representantes das nações Tupinambá (BA), Pataxó Hahahãe (BA), Kariri-Xocó (AL), Pankararu (PE), Potiguara (PB), Makuxi (RR) e Bakairi (MT).

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