O “Dia do
Indio” – 19 de abril – foi criado em
1943 pelo então presidente Getúlio Vargas através do decreto lei número 5.540.
Infelizmente,
a data que deveria ser lembrada para festejar a população indígena, que tanto
contribui para a cultura brasileira, hoje precisa ser aproveitada para refletir
sobre a preservação dos povos indígenas, da manutenção de terras e respeito às
manifestações culturais.
Segundo o
Censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) o número
de brasileiros que se dizem índios cresce 11,4%. Entre 2000 e 2010, um período
de 10 anos, mais de 84 mil pessoas se autodeclararam indígenas. Os índios podem ser encontrados em 80,5% dos
municípios brasileiros.
A
pesquisa mostrou que mais de 817 mil
pessoas se autodeclaram indígenas no Brasil. Isso indica o crescimento de 11,4%
da população. Na pesquisa feita em 2000, 63,5% dos municípios brasileiros
tinham índios e hoje, já estão em 80,5% dos municípios.
O estudo do
IBGE mostra a grande diversidade indígena pois, pela primeira vez, investigou
cor ou raça, etnia, língua falada no domicílio e a localização geográfica dessa
população.
Considerei
muito interessante e muito importante para nossa reflexão dados que informam
que houve uma redução de 68 mil pessoas no número de indígenas na área urbana,
indicando que esses índios, por não ter
afinidade com seu povo de origem, estariam deixando de se classificar como
indígenas ou preferindo viver nas zonas rurais. A área rural, ao contrário,
mostrou crescimento de 3,7% ao ano.
Considero
importantes os dados do IBGE, sobretudo porque grande parte dos brasileiros
ignora ou discrimina esse grupo que faz parte da nossa população e é porção
importante da nossa identidade. No entanto, esse segmento de nossa população
tem sofrido cada vez mais pelas péssimas
condições em que vivem: problemas e
dificuldades em acessar serviços básicos de saúde, diversas dificuldades que
enfrentam na Educação Escolar Indígena, como a questão da educação específica e
diferenciada, as péssimas condições em que se encontram as estradas em suas aldeias,
às vezes tornando impossível para as crianças indígenas o trajeto para a
escola, o que prejudica muito o calendário escolar, precarizando ainda mais a educação dessas crianças.
E temos
ainda a grande questão da demarcação de terras indígenas, que pode-se dizer o
maior problema que sofrem. Leiam e sintam as palavras abaixo:
“O verde da bandeira que os
brasileiros carregavam representava a mata que a civilização nos tirou; vivemos
nas terras do governo, como párias, esmagados. O amarelo, que representava a
riqueza do Brasil, a pesca e a caça, hoje estão ausentes de nossa terra;
tiraram-nos tudo em nome da civilização. O branco, que simbolizava a paz tão
desejada, hoje está ausente do homem. E, finalmente, o azul, que representava o
céu, na sua beleza florida – estrelas e astros a brilhar -, foi a única coisa
que a civilização deixou ao índio, e isso porque ela não pôde conquistar ainda...”
Marçal de Souza Tupã-i (1920-
1983)Guarani Kaiowá – MS
Para
complementar, para quem tiver o desejo de conhecer um pouco mais sobre os
índios, sugerimos três filmes com
temática indígena:
Xingu
Que conta a
história dos irmãos Villas Bôas – Orlando, Cláudio e Leonardo – que deixaram o
conforto da vida na cidade grande e mergulharam de cabeça no programa de
expansão Roncador-Xingu, uma missão desbravadora pelo Brasil central.
A história,
registrada no diário batizado de “Marcha para o Oeste”, começa com a travessia
do Rio das Mortes, quando logo os irmãos se tornam chefes da expedição e se
envolvem na luta pela defesa dos índios. Os irmãos, que tinham enorme poder de
persuasão, se afinizaram com os habitantes da floresta e se tornaram grande referência
nas relações com os povos indígenas. A missão se transformou em fantástica
aventura, onde vivenciaram incríveis experiências. A maior delas foi a
conquista da criação do Parque Nacional do Xingu.
O filme Xingu
estreou nos cinemas no dia 6 de abril e representando os irmãos Villas Boas,
temos: Orlando Villas Bôas (Felipe Camargo), Cláudio Villas Bôas (João Miguel)
e Leonardo Villas Bôas (Caio Blat).
Eu escutaria as piores notícias dos
seus lindos lábios
Uma parceria
entre o cineasta Beto Brant e o escritor Marçal Aquino, esse filme, embora não tenha o índio como tema
central, foca a questão do desmatamento ilegal na Amazônia. Aborda uma denúncia
ambiental (a exploração ilegal da madeira)e da luta das populações locais pelo
resguardo da floresta, como pano de fundo para a história de um triângulo
amoroso.
O filme
conta a história de Cauby, um fotógrafo de 40 anos, vivido pelo ator Zécarlos Machado homem que
acredita ser possível consertar as contradições humanas. Cauby, em passagem
pela Amazônia, apaixona-se por Lavínia, mulher do pastor Ernani, personagem
vivida pela atriz Camila Pitanga. Estreia nos cinemas em 20 de abril
Indígenas Digitais
O
documentário, que estreou em 2010, retrata a apropriação das diversas
tecnologias pelas etnias indígenas, com o objetivo de mostrar ao mundo a
realidade dessas populações, geralmente à margem da sociedade. O filme também
tem o objetivo de quebrar a ideia reforçada pela TV de que os índios vivem
isolados de tudo nas aldeias.
O
curta-metragem de 26 minutos foi gravado em áreas dos Pontos de Cultura
Indígenas na Bahia e Pernambuco e mostra a importância da relação que os índios
possuem com as inovações tecnológicas.
Ao todo,
sete etnias indígenas distintas participam do curta. São representantes das
nações Tupinambá (BA), Pataxó Hahahãe (BA), Kariri-Xocó (AL), Pankararu (PE),
Potiguara (PB), Makuxi (RR) e Bakairi (MT).
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