Intelectual, política, professora
e antropóloga brasileira, Lélia Gonzalez nasceu em Belo Horizonte, em 1º de fevereiro
de 1935 e morreu em 10 de julho de 1994,
no Rio de Janeiro.
Autora dos livros “Lugar de
Negro”, Editora Marco Zero, 1982 (com Carlos Hasenbalg), “Festas Populares no
Brasil”, premiado na Feira de Frankfurt, mostrava neles os cenários da ditadura
política e da emergência dos movimentos sociais. Preocupava-se em articular as
lutas mais amplas da sociedade com a demanda específica dos negros e, em
especial das mulheres negras. Além dos livros, sua produção era também mostrada
em papers, comunicações, seminários, panfletos político-sociais, partidários, que
mostravam grande engajamento e muita reflexão.
Lélia Gonzalez preocupava-se com
os excluídos, tendo como principais referências as liberdades individuais e as
transformações sociais. Lélia sempre acreditou na possibilidade de se construir
uma sociedade solidária e fraterna e que, para tal, é preciso, além do
engajamento na luta política mais ampla, que os grupos não dominantes produzam
seu próprio conhecimento. É em razão disso que dedicou-se ao estudo das
culturas humanas, especialmente da cultura negra. Graduada em História e em
Filosofia, aprofundou estudos nas áreas da Antropologia, da Sociologia, da Literatura,
da Psicanálise, da teoria da Estética, da Cultura Brasileira, além de ter-se
dedicado profundamente à Ciência, Cultura e História africanas.
Seus escritos e palestras,
atuando contra o racismo e outras formas de discriminação, contribuíram para a
formação acadêmica e cidadã de muitos dos que com ela conviveram, considerando
que atuou nas universidades brasileiras por mais de 30 anos, até seu
falecimento. Em seus últimos dias, foi eleita, por reconhecimento de sua
competência, chefe do Departamento de Sociologia, da Pontifícia Universidade
Católica do Rio de Janeiro. Quando faleceu, aos 59 anos, ainda tinha muito o
que fazer, o que escrever, o que falar/comunicar/ensinar.
Sua busca permanente e irrestrita
na direção do conhecimento é identificada pela capacidade de interpretação que
mostrou na crítica às ideologias e à hegemonia de dominação (de lógica
machista, branca e europeia) que sempre forçou o povo negro ao lugar de
submissão, de menor condição e capacidade. A capacidade transformadora de Lélia
Gonzalez sempre foi colocada na palavra, seguindo a oralidade ancestral
feminina negra.
Lélia Gonzalez é fundadora
(juntamente com outras/outros companheiras/os) do Movimento Negro Unificado
(MNU); do Instituto de Pesquisas das Culturas Negras do Rio de Janeiro
(IPCN-RJ)); do Nzinga Coletivo de Mulheres Negras; do Olodum (Salvador).
Participou da primeira composição do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher
(CNDM), de 1985 a 1989.
Fonte: Portal Geledés
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