segunda-feira, 8 de abril de 2013

"ELE É UMA EXTENSÃO DO MEU CORPO"...



"...Quando a gente ouve uma história que nos comove, ela entra dentro da gente, faz a gente rir, faz a gente chorar, faz a gente amar, entra dentro da gente e se aloja no coração.” (Rubem Alves)

É mesmo tudo o que sentimos ao ouvir a fantástica história de Manuel Francisco Contez e seu filho Marco Aurélio Contez. Com 26 anos, Marco Aurélio se formou em jornalismo. Não parece nada demais, não é mesmo? Pois é, mas alguns detalhes dessa história mostram o quanto ela é, realmente, incrível.
Manuel Francisco Contez e seu filho Marco Aurélio Contez
                                                   Foto de Marcelo Justo/Folhapress         
           
Marco Aurélio, por conta de uma paralisia cerebral, tem  braços, mãos e pernas atrofiados, fala com dificuldade e precisa de recursos específicos, como cadeira de rodas, programa especial de computador, para viver o seu cotidiano com alguma autonomia.
As funções do nosso corpo são comandadas pelo nosso cérebro. Cada área do nosso cérebro é responsável por uma determinada função, como os movimentos dos braços e das pernas, a visão, a audição e a inteligência. Na paralisia cerebral (PC) há  afecções do sistema nervoso central (SNC) da infância que não são progressivas mas provocam distúrbios da motricidade. Tais desordens podem apresentar alterações que variam desde leve incoordenacão dos movimentos ou uma maneira diferente para andar até inabilidade para segurar um objeto, falar ou deglutir.
 Quando há envolvimento dos braços, das pernas, tronco e cabeça (envolvimento total) têm tetraplegia espástica e são mais dependentes da ajuda de outras pessoas para a alimentação, higiene e locomoção. Parece que esse é o caso e Marco Aurélio, que por sequelas severas da paralisia cerebral precisou sempre da ajuda de seu pai para tomar banho, pentear os cabelos, entre outras coisas. Mas Marco Aurélio é guerreiro e pode sempre contar com a ajuda do pai. Desse modo, lutou e conseguiu realizar seu sonho de se formar jornalista. Para tanto, o Sr. Manuel Condez não apenas deu banho, penteou os cabelos e carregou Marco no colo até o seu automóvel e o levou para a faculdade de jornalismo, mas também assistiu a todas as aulas, anotou as matérias dadas pelos professores, leu as provas, escrevendo no papel as respostas que Marco falava em seu ouvido. Foi mediador, motorista do grupo de trabalho e também o assessor em entrevistas e reportagens.
Marco desmitificou um grande estigma existente na paralisia cerebral: a de que em todos os casos as pessoas são acometidas de déficit cognitivo. Marco tem pleno domínio de seu intelecto, e na avaliação dos colegas e professores da sua turma, foi um dos melhores alunos.
 Marco Aurélio formou-se Jornalista na Universidade São Judas, em São Paulo, e como não poderia deixar de ser, Manuel foi o grande homenageado. Emocionado, foi ovacionado pelos formandos e recebeu da direção da faculdade uma placa de honra ao mérito.
O Sr. Manuel considera não ter feito nada demais. “Qualquer pai que tem amor ao filho também se dedicaria. Era um desejo dele fazer faculdade, e eu só ajudei a realizar" . Mas Marco reconhece e valoriza: "Ele é uma extensão do meu corpo. Quando não posso fazer algo, ele está sempre ali para me ajudar, nunca para me atrapalhar".

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